domingo, 7 de outubro de 2012

Dia de Reunião

Sala de reunião lotada. Olhos sonolentos, recém saídos do fim de semana, ainda pedindo pelo aconchego da cama quente que deixou para trás.
 
Segunda-feira, sete horas da manhã é pedir demais. Impossível que o cérebro trabalhe a todo pano. Ela mal conseguia abrir os olhos, quem dirá assimilar a enxurrada de informações de pessoas que supostamente (apenas supostamente) conheciam mais que qualquer um naquele lugar. Passou os olhos por todos os rostos da sala e, de repente, caiu em si: aquilo não tinha mais nada a ver com seus anseios. Desejava o mundo inteiro e ali, sentada, sentia-se tão presa, tão limitada.
 
Voou então. Saiu de si. Se o corpo jazia preso em uma cadeira, sua mente era livre. Tudo bem que sentia olhares que fuzilavam sua inércia perante todos os outros. Não se importava. Pensou em todos os filmes que ainda assistiria, em todos os livros por ler. Em todas as conversas que teria, nas músicas que ainda não conhecia... E, sem querer, lembrou que amava o que fazia, mas faltava-lhe a paixão dos tempos idos. Isso doía.
 
Voltou ao corpo. Aquietou-se. Voltou para dentro de si. Olhou para sua própria alma. Acarinhou-a. Buscou. Nada encontrou. Olhou em volta novamente, tudo continuava igual. Apenas ela mudara.