sábado, 22 de maio de 2010

Vácuo


Cai no buraco escuro de seu silêncio e me perguntei: por que ainda insisto nas perguntas, se já sei de cor todas as respostas? As palavras contidas, os desejos reprimidos, reprimíveis. Escapando pelas frestas da boca que cala, que não ousa.


Tudo acaba nesse vazio que nós mesmos criamos. O silêncio é a única coisa que tem para me oferecer, mas não é, nem de longe, o que eu quero, muito menos o que preciso.
"Pior que uma voz que cala - é um silêncio que fala"
(Desconhecido)

terça-feira, 11 de maio de 2010

Eu Odeio Futebol. Mas...

Quem me conhece sabe: odeio futebol, não torço p nenhum time e nem tenho paciência para acompanhar um jogo por intermináveis 90 minutos. Mas....



Foi só os Filhos da Pauta colocarem as chuteiras e entrarem em campo, que virei torcedora desde criancinha!!!



Bruno, Gui, Le, Felipe, Ricardo, Thales e o grande Magister Rogério: Vcs arrasaram. A vitória ou a derrota é um mero detalhe.

domingo, 9 de maio de 2010

Porque Jornalismo?

Há dois anos decidi que faria outra graduação. Algo parecido com promessa de fim de ano... Estudar sempre foi minha maior paixão e retornar a faculdade parecia algo lógico. Mas que curso fazer?

Fiz Magistério. Tenho Licenciatura Plena em História, disciplina pela qual sou totalmente apaixonada. Terminando a faculdade, comecei a trabalhar com Ensino Fundamental, nível I, e por conta disso fiz duas especializações Lato Sensu, a primeira em Alfabetização e a outra em Pedagogia da Inclusão, confesso que não gostei muito dessa. Ensinar é algo muito gratificante, amo o que faço, mas esse mundo começou a ficar pequeno demais para mim. De repente me vi, com quase trinta anos, com estabilidade profissional e financeira e... insatisfeita. Eu queria mais.

A opção lógica aos profissionais na minha área de atuação, seria fazer Pedagogia, com ênfase em Gestão Escolar, ao menos é o que todas as professoras que conheço fazem ao optar por uma segunda graduação. Mas esse curso é muito chato! Além disso, a parte de Gestão não me encanta em nada, assim como a Coordenação Pedagógica. Meu negócio é estar onde as pessoas estão e não numa sala isolada, lendo relatório.

Decidi que faria algo que não estivesse ligado a Educação. Essa segunda faculdade seria por puro prazer. A princípio pensei em cursar Turismo ou Fotografia. Turismo por que adoro viajar, criar roteiros, procurar lugares interessantes, colocar meia dúzia de coisas dentro de uma mochila e ir... Mas quando tentei me ver como guia turística, foi um desastre, ficava pensando nos guias made in CVC, com aquele uniforme amarelo gema e piadinhas prontas. Não conseguia me sentir guia.

Fotografia é um hobbie que cultivo há alguns anos, gosto muito da parte de edição de imagem, criação de álbuns e até sei uma coisinha ou outra. Visualizei-me fotógrafa, a primeira imagem que me veio à cabeça foi festa de aniversário de criança. Não preciso dizer que desanimei, afinal por que transformar em tortura algo que me dá prazer?

Direito, Web designer, engenharia mecatrônica... Uma a uma fui descartando curso atrás de curso. Eu procurava algo que estivesse escrito meu nome em letras garrafais neon rosa.
Foi quando me deparei com Jornalismo e comecei a pensar na ideia, a pesquisar sobre o assunto, as possibilidades eram infinitas, um leque de opções ali, ao meu dispor. Foi então que comecei a me ver Jornalista, e parecia que sempre tinha sido assim. Gosto de escrever e apesar de não ter experiência com texto jornalístico escrevo razoavelmente bem; gosto de ler, adoro pesquisar, descobrir coisas, tento sempre me interar sobre qualquer assunto que me interessa antes de falar sobre ele, além disso, sou uma ótima ouvinte, não sei exatamente por que, mas as pessoas se abrem comigo.

Não sei ainda se é isso mesmo, não tenho certeza de muitas coisas na verdade, mas pensar em tudo que posso fazer me empolga, algo que estava faltando no meu dia a dia. Espero tudo desta profissão, o que é bom e o que é ruim, afinal nem tudo são flores, e é exatamente isso que faz a diferença no final.

Não quero mudar o mundo ou as pessoas, seria pretensão demais, além disso, ninguém tem esse poder, as mudanças são opções individuais, se escolhe mudar uma postura ou não. O que posso fazer é oferecer ferramentas para que essa mudança aconteça. É isso que espero fazer enquanto jornalista.

Carta para meus pais - Parte I

Fico tentando imaginar como foi o começo de tudo, como é que funciona duas pessoas um dia se olharem, se apaixonarem e decidirem que será para a vida toda...
Gosto de pensar que foi amor a primeira vista, em meio as brincadeiras de criança e, talvez, sem se dar conta do que era na verdade; minha mãe fala que não: “ Eu nem gostava dele, metido, exibido!!!” Duvido!!! Ela toda brava, “eita bichinha ruim” como diz meu pai, quando lembra esses tempos; dando ordem para todo mundo, colocando a bagunça no lugar. Ele todo faceiro, metido a galã de novela, com cabelão e direito a costeletas, última moda! Opostos, totalmente, mas se a regra de que os opostos se atraem é verdade, aqui se faz a prova... A principio amor de adolescente, mas que foi se chegando, se firmando e foi ficando, ficando... Quem diria que daria nisso?!?!?!?
As vezes brincamos com meu pai, até hoje uma das melhores pessoas que conheci: “Como você agüenta essa velhinha??? TRINTA anos já!!!!!” E é só risada. Ele nunca respondeu, minha mãe também não, uma mulher forte, que não teme desafios, ao mesmo tempo frágil e protetora, mas não precisa, a gente já sabe, nós três, eu e meus irmãos, vemos e sentimos essa resposta todos os dias: AMOR. E no fim eles nem eram tão opostos assim.

Carta para meus pais - Parte II

A trinta e poucos anos nossos pais juraram se amar e respeitar numa pequena igreja na cidade de Bom Sucesso; e desde que eu me conheço por gente eu os vejo praticarem, não sem dificuldade (quem disse que amar é fácil?!?!?) esse juramento. E vejo o quanto um completa o outro: onde um é de mais o outro equilibra, onde o outro é de menos o outro compensa, mas sempre, todos os dias, com muito amor, respeito, dedicação, companheirismo. Seja no beijo de chegada que meu pai dá todos os dias em minha mãe quando volta do trabalho ou passando em nossos quartos prá ver se estamos cobertos, como se quisesse ter a certeza de que ainda estamos ali, seja minha mãe levando a toalha para o meu pai no banheiro quando ele a esquece ou mandando de avião pãezinhos húngaros pras filhas “lumbriguentas” tomarem café da manhã em Indaiatuba. Como me orgulha ver que depois de quase trinta e dois anos de convivência eles ainda dão beijinho, andam de mãos dadas e brigam, para em seguida já estarem conversando como se nada tivesse acontecido. Ver os dois abraçados no sofá na hora da novela, nossa, não tem programa melhor!!!

Carta para meus pais - Parte III

Mãezinha e papito, com vocês dois nós já vivemos muita coisa, algumas maravilhosas, outras nem tanto, mas que valeram pela aprendizagem; e quando todos os outros achavam que não suportaríamos, lá estávamos nós: juntos. E vocês sabem melhor do que nós que a distância não nos afastou de fato, ao contrário, nunca nos sentimos mais unidos e mais próximos, pois hoje, mais do que nunca sabemos valorizar os momentos que estamos juntos. As vezes a vontade de voltar correndo para o ninho, para debaixo de suas asas é imensa, mas ai nos lembramos que vocês nos criaram para sermos fortes, para enfrentarmos o mundo de cabeça erguida, nos criaram para acreditar que somos capazes de qualquer coisa e nós acreditamos! Sabemos que vocês estão na arquibancada da vida nos aplaudindo de pé em cada mínima vitória, assim como nos fazem levantar quando o mundo todo parece contra nós. Queremos que saibam que tudo que fazemos é para mostrar a vocês que somos capazes, que vocês fizeram um bom trabalho, que seus filhos são maravilhosos e nos perdoe quando nossas escolhas não parecerem aos seus olhos a mais acertada, estamos tentando e precisamos levar nossas próprias cabeçadas para crescer, afinal foram vocês que nos ensinaram a não ter medo de tentar e de que sonhos são possíveis, mesmo que para isso sejamos um pouco diferentes da maioria, e mesmo assim sabemos em quem nos amparar se for preciso.
Enfim... Tudo isso é para dizer que amamos vocês e nos orgulhamos muito de ter pais tão maravilhosos, saibam que é um bálsamo, em meio a esse mundo complicado que vivemos, ter vocês como modelo e exemplo a ser seguido. Aprendemos com seus acertos e também com os erros, por que não? Só queremos que todo mundo aqui saiba que vocês são os melhores pais do mundo e nós os amamos infinitamente!!!!

Gisele Gutierrez

segunda-feira, 3 de maio de 2010

ALFACES E MULALAS

1808 é um marco na história do Brasil. Todo mundo está cansado de saber disso. Afinal, a pouco se comemorou seu centenário, virou best-seller e instituições honraram tediosas cerimônias em seu nome.
Mas assistindo a um programa de domingo, o que é raro (não tenho o hábito de assistir TV, ela carece de vida inteligente, especialmente aos domingos) conheci um pouco mais sobre o dia a dia na Ilha de Moçambique, na África, e fiquei assustada. Por conta disso relembrei o ano de 1808.
Se nesse ano a Família Real Portuguesa não tivesse enfiado o rabinho entre as pernas e fugido dos franceses, transferindo a sede do reino para sua próspera (em que sentido?) colônia na América, creio que teríamos dois possíveis futuros. Um pior que o outro...
No primeiro, estaríamos falando inglês e comendo ovos com bacon no café da manhã (argh!). Afinal, Portugal estava tão endividada com a Inglaterra que é quase certo que, para saldar suas altas dívidas, usaria sua mais abastada colônia como forma de pagamento. Sendo assim a Independência talvez viesse mais cedo, assim como a abolição dos escravos e hoje seríamos uma próspera potência de Primeiro Mundo, viciados em café instantâneo, filmes de ação e de tragédias ambientais (lembrando que todas essas tragédias ocorreriam aqui), o centro do Universo. Por outro lado, seríamos alvo de facções enfurecidas, pois inocentemente, tentamos meter o bedelho onde não tínhamos sido chamados... Por que será que não me sinto empolgada, heim?!?!
O segundo possível futuro é mais sombrio, até mais do que o atual... Quando não fossemos mais fonte de lucro para Portugal (algo que já vinha acontecendo, uma vez que as minas em Minas Gerais já não rendiam o esperado), ficaríamos a margem do Velho Mundo por um tempo, totalmente esquecido. Logo a colônia passaria a ser invadida e atacada por franceses, espanhóis, holandeses, ingleses (tal como aconteceu na Ilha de Moçambique, que até incendiado foi por uma potência européia enfurecida)... Todos querendo uma porção do que ainda poderia ser subtraído dessas terras. Logo eles se instalariam e retalhariam o pouco que ainda sobrava, em pequenos pedaços. Os nativos se refugiariam ainda mais para o interior, organizados em tribos e falando mil dialetos. Não haveria unidade política, os líderes locais seriam caçados como bichos. Falar em economia então, nem pensar. O dinheiro valeria menos do que vale o nosso querido real. Altos índices de analfabetismo, milhares de doentes, países inteiros sem saneamento básico, o esgoto a céu aberto espalhando doenças. Crianças raquíticas e subnutridas. Nunca saberemos do que escapamos, se é que escapamos ilesos (com certeza não).
De qualquer forma, hoje seríamos em tanto parecidos com os habitantes da Ilha de Moçambique. Estaríamos amontoados ao redor de um saco de estopa, esperando um arremedo de vendedor o abrir, para então disputar a tapas um minúsculo pé de alface, que levaria boa parte do nosso dinheiro. Ou ainda, usaríamos gravetos como escova de dente e batom (a mulala). Seria ecologicamente correto, mas já imaginou???
A grande pergunta é: o quão longe realmente estamos de tudo isso?