domingo, 7 de novembro de 2010

O ENCONTRO


Acendeu um cigarro. Encostou-se no muro, escondida pelas sombras para que ninguém a visse. E ali, protegida dos olhares curiosos, pôs-se a pensar... Há tempos recusava a encarar a terrível verdade: depois de mais de quatro anos ainda encontrava-se total, e irremediavelmente, apaixonada por ele. Triste constatação a se fazer depois de tanto tempo.

O encontro era inevitável. Não havia como se esconder, a não ser que fugisse as pressas para a Sibéria, mas não se sentia tão disposta assim a enfrentar o frio siberiano. A grande e incontestável verdade é que ela queria. Sim, ela queria.

É claro que jamais admitiria tal insanidade, afinal, quem quer ficar cara a cara com o amor perdido? Mas essa era a razão dos tremores que estremeciam seu corpo de baixo para cima. Ela queria vê-lo, queria estar no mesmo ambiente que ele, respirar o mesmo ar. Queria a chance de tocar, nem que fosse brevemente, sua mão e, no intervalo de poucos segundos, olhá-lo nos olhos, a dizer: ti espero, sempre.

Apagou o cigarro na sola do tênis. Ergueu a cabeça, jogou os cabelos para trás. Inspirou com dificuldade. Se faria mesmo isso, que fosse com o mínimo de dignidade.