sábado, 11 de dezembro de 2010

O PRIMEIRO A GENTE NUNCA ESQUECE

Fuçando por aqui, organizando materiais do primeiro ano da faculdade de Jornalismo (encerrado o ano, é hora de organizar as coisas), encontrei o primeiro texto jornalístico (de ficção) que escrevi. Uma espécie de primeiro passo. Bom recordar o início de tudo...


TRAGÉDIA EM VERONA
Casal é encontrado morto após tentativa de fuga
Foram encontrados mortos dois jovens, na noite de ontem, num vilarejo próximo a Verona. As vítimas, Julieta Capuleto, 16, e Romeu Montecchio, 17, eram de famílias rivais, que duelavam, havia anos, pelo mercado imobiliário.
Segundo as autoridades responsáveis pelo caso, Romeu apresentava sinais de envenenamento e Julieta apunhalou-se. Apesar do evidente suicídio, as autoridades não descartam a possibilidade de homicídio.
Amigos das vítimas contaram que os dois conheceram-se em uma festa, oferecida pela família dela. Deste então, encontravam-se as escondidas. Criados da casa dos Capuletos, dizem que, desde esse dia, era comum verem Romeu, à noite, na varanda de Julieta. “Eles estavam apaixonados e tinham planos de fugir em breve”, afirmou a ama de Julieta.
Essa não é a primeira vez que as famílias Montecchio e Capuleto são alvo de atenção na cidade de Verona. Há poucos meses, Teobaldo, primo de Julieta, foi acusado de assassinar, durante uma briga, o jovem Mercúcio, primo do príncipe de Verona e amigo íntimo da família Montecchio. Poucos dias depois, Teobaldo foi encontrado morto. Apesar de especulações de que Romeu estaria envolvido, nada foi provado.
Testemunhas afirmaram que Julieta e Romeu encontraram-se várias vezes com Frei Lourenço, que foi interrogado esta tarde. Em nota oficial a imprensa, em seu depoimento, Frei Lourenço negou ter conhecimento sobre o envolvimento dos jovens, mas acabou confessando que entregou a Julieta um forte elixir para simular sua morte, dessa forma, ela poderia fugir com Romeu. O Frei ainda afirmou que enviou um mensageiro para avisar o rapaz do ocorrido.
De posse com estas novas informações, o delegado acredita que o mensageiro nunca chegou até Romeu, que julgando que sua amada estivesse morta, ingeriu grande quantidade de um forte veneno adquirido mais cedo com um boticário famoso na cidade. Julieta ao acordar, descobriu que Romeu não a esperou e usando o punhal que se encontrava na bainha dele, esfaqueou-se. Ainda assim, o Frei poderá ser indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
O príncipe de Verona declarou, consternado, “jamais história alguma houve mais dolorosa, do que a de Julieta e a do seu Romeu.” As famílias das vítimas não quiseram se pronunciar.
Texto escrito a pedido do prof. Pedro Courbassier, durante a aula de "Mercado e Formação do Profisisonal de Jornalismo"

domingo, 7 de novembro de 2010

O ENCONTRO


Acendeu um cigarro. Encostou-se no muro, escondida pelas sombras para que ninguém a visse. E ali, protegida dos olhares curiosos, pôs-se a pensar... Há tempos recusava a encarar a terrível verdade: depois de mais de quatro anos ainda encontrava-se total, e irremediavelmente, apaixonada por ele. Triste constatação a se fazer depois de tanto tempo.

O encontro era inevitável. Não havia como se esconder, a não ser que fugisse as pressas para a Sibéria, mas não se sentia tão disposta assim a enfrentar o frio siberiano. A grande e incontestável verdade é que ela queria. Sim, ela queria.

É claro que jamais admitiria tal insanidade, afinal, quem quer ficar cara a cara com o amor perdido? Mas essa era a razão dos tremores que estremeciam seu corpo de baixo para cima. Ela queria vê-lo, queria estar no mesmo ambiente que ele, respirar o mesmo ar. Queria a chance de tocar, nem que fosse brevemente, sua mão e, no intervalo de poucos segundos, olhá-lo nos olhos, a dizer: ti espero, sempre.

Apagou o cigarro na sola do tênis. Ergueu a cabeça, jogou os cabelos para trás. Inspirou com dificuldade. Se faria mesmo isso, que fosse com o mínimo de dignidade.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

DILMA X SERRA



O segundo turno está chegando e, ao invés de ver os presidenciáveis debatendo propostas, o eleitor está sendo obrigado a acompanhar uma verdadeira guerra entre partidos e candidatos que em nada contribuiu para o debate político, para a democracia e muito menos o ajuda a fazer a melhor escolha. Pensando nisso, o SinergiaK compilou as principais propostas de Dilma Rousseff e José Serra, para que você, eleitor, tenha certeza do que está fazendo.


INFRAESTRUTURA

DILMA - Expansão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) reunindo mais investimentos, tanto do setor público quanto privado, subsidiando assim melhorias em rodovias, portos e aeroportos.


SERRA - Aposta em concessões para as rodovias, ferrovias e aeroportos.


IMPOSTOS

DILMA - Pretende reduzir a zero impostos sobre investimentos, sobre folha de pagamento, mas não deixou claro como irá fazer isso. O ICMS terá uma legislação nacional e não por estado, como é hoje.


SERRA - Pretende alavancar o crescimento diminuindo impostos sobre folha de pagamento e energia elétrica. Irá reduzir impostos sobre a cesta básica, saneamento básico, medicamentos e combustível para ônibus. Implantará o modelo da Nota Fiscal Paulista nos demais estados brasileiros.


POBREZA

DILMA - Fortalecerá o programa Bolsa Família, implantará novos programas sociais, com o objetivo de erradicar a pobreza até 2014.


SERRA - Ampliará a Bolsa Família levando-a para 27 milhões de famílias. Criará o 13º salário para o benefício.


DESEMPREGO

DILMA - Não apresentou propostas para combater o desemprego. Diz que continuará a incentivar o consumo interno e práticas que facilitem a legalização de pequenos negócios.


SERRA - Promete a criação de 20 milhões de empregos até 2020, além disso, tirará 5 milhões de brasileiros do trabalho informal e criará cursos profissionalizantes.


Nem Serra, nem Dilma apresentaram propostas para diminuir a jornada de trabalho ou sobre a flexibilização das leis trabalhistas, que tornaria mais fácil o processo de admissão e demissão de empregados.


EDUCAÇÃO

DILMA - Criação de escolas de ensino técnico em cidades com mais de 50 mil habitantes, expansão de vagas no ensino infantil, construção de 6 mil creches e pré-escolas, 7% do PIB (Produto Interno Bruto) será investido na Educação.


SERRA- Ampliação da rede de ensino técnico, criação de 1 milhão de vagas do Protec (bolsa similar ao ProUni), dois professores em salas de alfabetização.


Nenhum dos candidatos fez propostas claras no que se refere a reajuste salarial para profissionais da Educação. A tendência é que Dilma siga os passos de Lula, oferecendo um complemento aos municípios que provarem não ter condições de oferecer bons salários. Já Serra poderá diminuir o tempo do professor em atividades fora de sala.


SEGURANÇA

DILMA - Expansão das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), implantado em favelas do Rio de Janeiro, levando o programa para outros municípios.


SERRA - Criação de um ministério específico para a segurança, o que pressupõe um maior envolvimento do governo federal em resolver os problemas nessa área.


SAÚDE

DILMA - Criação de 500 postos de Pronto Atendimento (para casos de emergência), em que a União assumirá 50% dos custos, a outra metade fica a cargo de estados e municípios. Investirá na produção e distribuição de medicamentos.


SERRA -Criação de 154 Ambulatórios de Medicina Especializada e clínica para tratamento de usuários de drogas.


IMPRENSA

Tanto Serra quanto Dilma acreditam que a liberdade de imprensa deve ser mantida


Agora não tem mais desculpa. Leia atentamente as propostas dos presidenciáveis e vote consciente. Politize-se!

Postado inicialmente no blog Sinergia K (http://sinergiak.blogspot.com/), por Gisele Gutierrez

sábado, 9 de outubro de 2010

SERENATA


Dobrou a esquina e seguiu direto ao seu destino antes que a coragem o abandonasse. Há dias vinha ensaiando e não podia esmorecer agora. No fim da rua, dois rapazes com olhos miúdos de sono. Já era tarde.


Olhou para a Lua, procurando pela inspiração quase perdida. Qual não foi sua surpresa, ao descobrir que esta se escondeu atrás das nuvens. Se nem a mãe dos amantes estava por ele, como prosseguir?


Quando deu por si, já estava a porta dela. Violão em punho. Coração aos pulos. Suspirou. Deu meia volta e fugiu.


Na janela, um par de olhos afugentava uma lágrima.


Texto escrito na avaliação de Comunicação e Expressão

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

PARA SEMPRE, VINCENT...

Gênio desajustado, homem incompreendido, o artista maldito. Ridicularizado em vida, teve em morte o reconhecimento tão esperado: é aclamado como o maior artista de todos os tempos.


Vincent Willen van Gogh sofreu como ninguém as agruras da vida. A alma do artista, sensível por definição, sofreu de amor, enfrentou a miséria e viu sua obra desvalorizada. Van Gogh vendeu seu primeiro quadro depois de morto. A loucura foi sua mais fiel companheira, a única mulher que talvez o tenha amado de verdade, foi por ela que decepou a própria orelha – a quem deu de presente a uma prostituta; o suicídio, a única saída.

Foi com ele que o expressionismo deu seus primeiros passos, foi com ele que as cores explodiram na tela, mostrando ao mundo sua alma atormentada. "Procuro exprimir as mais terríveis paixões humanas. Quero pintar o retrato das pessoas como eu as sinto e não como eu as vejo", dizia o artista. E ele conseguiu, foi com van Gogh, que a arte se tornou amante da emoção.

Trabalho de História da Arte II - EXPRESSIONISMO. Texto de Gisele Lourenço. Narrado por Rogerio Calamante

sábado, 28 de agosto de 2010

FOLHAS VERDES

Mal sabia ele o que estava para acontecer. Provavelmente se soubesse não teria nem se levantado da cama naquele dia fatídico. Mais tarde, ao se lembrar do ocorrido, estremeceria a tal ponto que se sentiria doente.

Tudo começou quando chegou ao escritório de contabilidade onde trabalhava há mais de dez anos e encontrara a segunda gaveta de sua mesa aberta. Não, não estava apenas entreaberta, estava escancarada, mostrando a quem quisesse ver o seu conteúdo. Estarrecido aproximou-se e, com medo do que pudesse não encontrar, inspecionou seu conteúdo. A princípio não sentiu falta de nada. Foi quando, sob um olhar mais atento, percebeu que as folhas verdes, em que escrevera na semana passada, não estavam no fundo da gaveta, lugar a que foram relegadas depois do acesso de fúria.

Ele sempre fora assim, um homem de poucas palavras, além de não ter boca para nada. Engolia os sapos da vida com resignação paciente, algo que na verdade lhe fazia mais mal do que bem. A única coisa que fazia sentido para ele eram os números, a quem se dedicava, tal como um amante atencioso, por toda sua vida. Após um casamento arruinado e anos de terapia sem conseguir os resultados esperados, que seria literalmente soltar o verbo, foi apresentada a ele a única solução que talvez lhe trouxesse um pouco de alento e menos dores estomacais: escrever. Escrever tudo que gostaria de dizer mas que lhe faltavam palavras para dar fim a sua agonia.
E assim, desde esse dia, deu-se a escrever sobre todo e qualquer ocorrido que lhe chateasse. Escrevia injúrias sobre o síndico, o porteiro do prédio, a cachorra histérica da vizinha que latia até de madrugada, a ex-mulher lamuriosa sempre reclamando da pensão, a senhorinha do escritório que insistia em fazer água de batata ao invés de café de verdade. Sempre nas mesmas folhas verdes do caderno sem pauta que comprara especialmente para esse fim. Sempre o mesmo ritual: soltava desaforos em prosa, e mesmo verso quando se sentia inspirado, então arrancava a folha, dobrava cuidadosamente, e a guardava por alguns dias, até que a raiva passasse, para só então picotar as malditas, como se rasgasse a própria raiva, e as jogava fora.
Aquela semana não havia sido diferente. Após ouvir desaforos da chefe ninfomaníaca, sentou-se em seu cubículo e escrevera três folhas dos mais lindos xingamentos, quase todos impublicáveis. Falou sobre sua falta de capacidade de liderança, sua educação falha, seu reinado de ódio e terror em que tratava a todos os subordinados como lixo, além de flertar descaradamente com todos os eventuais entregadores da Fedex que vez ou outra passavam por ali, sendo motivo de piada o fetiche da dita cuja. E como sempre arrancou as folhas, dobrou-as meticulosamente e as jogou no fundo da gaveta, sabia que bastariam alguns dias para tudo voltar ao normal e depois que o stress sofrido passasse, picotaria e jogaria fora as folhas.
Enfim, era exatamente isso que faltava em sua gaveta: as terríveis folhas verdes, aquelas em que escrevera as verdades impronunciáveis sobre sua chefe. Suando frio e temendo o pior, saiu do cubículo e rumou para o bebedouro, a garganta estava seca, apertada num grito que ele sabia que nunca daria. Trêmulo encheu o copo descartável e o sorveu tal qual o náufrago que há dias não bebe água fresca. Nesse momento, como se fosse possível ficar mais pasmo, olhou o mural de frente ao bebedouro e o que viu o fez desejar que o chão se abrisse e o engolisse: eram as três folhas verdes, ainda com as marcas de dobra, organizadas uma ao lado da outra, escancaradas, expondo ele a toda espécie de vergonha.
Com certeza seria demitido, talvez até processado, seu segredo descoberto seria a causa de sua ruína. Nesse momento, em que já se via arrastando as correntes de uma malfadada prisão, sentiu uma mão suave em seu ombro. Sabendo ser esse o fim de tudo, virou-se lentamente. A voz sussurrou:
- Fui pegar um grampeador na sua gaveta, as folhas vieram juntas e caíram no chão, li sem querer. Estava ali tudo que sempre quis falar e não tive coragem. Não se preocupe, não contei a ninguém que foi você.
Ele ouvia a tudo isso como se escutasse uma piada de mau gosto, mas isso não foi o pior, chegou perto deles o que sabia da vida de todo mundo naquele lugar. Veio com ares de importância, como se tivesse descoberto o segredo para fazer chover no sertão. Conspirou:
- Estão sabendo da novidade? Estão dizendo por ai que a megera foi mandada embora, os donos leram a tal cartinha ai – falou apontando pra o mural, e segurando o incrédulo homem pelo braço continuou – mas o melhor você não sabe. Estão dizendo que quem vai ocupar o lugar dela é você. Parabéns cara!
Naquela mesma noite, já deitado na cama, repassando o dia em flashes, mal acreditando em tudo que lhe acontecera, ainda estava assustado demais, tão assustado que só conseguiu dizer um sim apertado quando lhe ofereceram o cargo da ex-chefe. A única coisa em que conseguia pensar era que agora, provavelmente, iria precisar de muitas folhas verdes.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

FIM


Descanse sua cabeça

Abra-a para que os sonhos venham

Esqueça o que aconteceu

Deixa o tempo apagar as marcas

Não de atenção demais

Nem sempre vale a pena

Sempre não existe

Tudo acaba, e como acaba é tudo o que podemos escolher

SOBRE INTOLERÂNCIA E POLÍTICOS


Essa semana vai ser daquelas...


Daquelas em que não consigo ouvir muitas abobrinhas e ficar de boca fechada sem soltar uma ironia. Cuidado, essa semana minha língua está afiadíssima. Nesses dias é que lembro que detesto gente que fala demais. Detesto gente que fala demais e não tem nada a dizer. Gente que fala demais, não tem nada a dizer e não sabe ouvir.


Pq tem gente que acha que por fazer comunicação social você tem que falar, falar, falar e falar! Não!!!! Um bom comunicador tem que, antes de tudo, saber ouvir. Nunca vou me esquecer de um político que, durante o intervalo de uma entrevista, ao achar que o sistema de vídeo e áudio estava desligado, começou a falar todas as falcatruas que fazia, se gabando, achando-se o mais esperto (assim como todo brasileiro que se preza, pois por aqui o que vale é ser esperto). Detalhe, o sistema de som não estava desligado, e a "entrevista" foi transmitida ao vivo para milhares de pessoas que tinham tv a cabo.


E o jornalista que conduzia a entrevista? Ele não falou nada, nem uma única palavra. Ele ficou sentado ao lado do político, prestando atenção educadamente a tudo que o outro falava, mas não fez uma única pergunta sequer. Deixou o sujeito se enforcar sozinho. Ele ouviu e é exatamente o que a maioria de nós devia fazer mais vezes: falar de menos e ouvir demais.

terça-feira, 15 de junho de 2010

COMPREENDER OU SIMPLESMENTE LER?


Já nascemos em um mundo letrado. Provavelmente não conseguiríamos imaginar um mundo onde a palavra escrita não fizesse parte do nosso cotidiano. A linguagem, seja ela formal ou coloquial, é imprescindível hoje para nos sentirmos inseridos na sociedade. Ir ao banco retirar um parco pagamento pode se transformar numa verdadeira luta de titãs se você não possui familiaridades com a linguagem.


Essa é uma situação bastante comum até. As filas do caixa eletrônico dos bancos é o melhor exemplo. Geralmente os atendentes estão sempre ocupados atendendo um ou outro cliente, não são raras as vezes que se forma fila a espera da ajuda destes. Outro dia me peguei observando uma dessas filas e fiquei intrigada: não eram apenas idosos (que pensamos que tem mais dificuldade com essas tecnologias), havia muitas pessoas jovens na fila esperando ajuda. E fiquei pensando que, no mundo de hoje, onde as palavras saltam dos outdoors diretamente no nosso colo, as pessoas não sabem o que estão lendo. Elas simplesmente não entendem o que aquele monte de palavras juntas significa.


Temos hoje uma orla de pessoas alfabetizadas, muitas delas em cursos superiores, mas não temos pessoas letradas e isso é muito grave. Classifica-se como alfabetizado o indivíduo que sabe ler e escrever. Ponto. Simples assim. Agora, letrado é aquele que sabe usar de forma competente e freqüente a leitura e a escrita, ou seja, ele sabe o que está escrevendo, por que está escrevendo, para quem, e faz isso de maneira exemplar.


Preocupa-me hoje ver tão poucas pessoas letradas. A maioria das pessoas, na verdade, nem sabe o que está acontecendo ao seu redor. O incrível é que, com as facilidades do mundo moderno, ser letrado não deveria ser realmente um problema. Ou será que foi exatamente isso que tornou as pessoas mais burras?

sábado, 22 de maio de 2010

Vácuo


Cai no buraco escuro de seu silêncio e me perguntei: por que ainda insisto nas perguntas, se já sei de cor todas as respostas? As palavras contidas, os desejos reprimidos, reprimíveis. Escapando pelas frestas da boca que cala, que não ousa.


Tudo acaba nesse vazio que nós mesmos criamos. O silêncio é a única coisa que tem para me oferecer, mas não é, nem de longe, o que eu quero, muito menos o que preciso.
"Pior que uma voz que cala - é um silêncio que fala"
(Desconhecido)

terça-feira, 11 de maio de 2010

Eu Odeio Futebol. Mas...

Quem me conhece sabe: odeio futebol, não torço p nenhum time e nem tenho paciência para acompanhar um jogo por intermináveis 90 minutos. Mas....



Foi só os Filhos da Pauta colocarem as chuteiras e entrarem em campo, que virei torcedora desde criancinha!!!



Bruno, Gui, Le, Felipe, Ricardo, Thales e o grande Magister Rogério: Vcs arrasaram. A vitória ou a derrota é um mero detalhe.

domingo, 9 de maio de 2010

Porque Jornalismo?

Há dois anos decidi que faria outra graduação. Algo parecido com promessa de fim de ano... Estudar sempre foi minha maior paixão e retornar a faculdade parecia algo lógico. Mas que curso fazer?

Fiz Magistério. Tenho Licenciatura Plena em História, disciplina pela qual sou totalmente apaixonada. Terminando a faculdade, comecei a trabalhar com Ensino Fundamental, nível I, e por conta disso fiz duas especializações Lato Sensu, a primeira em Alfabetização e a outra em Pedagogia da Inclusão, confesso que não gostei muito dessa. Ensinar é algo muito gratificante, amo o que faço, mas esse mundo começou a ficar pequeno demais para mim. De repente me vi, com quase trinta anos, com estabilidade profissional e financeira e... insatisfeita. Eu queria mais.

A opção lógica aos profissionais na minha área de atuação, seria fazer Pedagogia, com ênfase em Gestão Escolar, ao menos é o que todas as professoras que conheço fazem ao optar por uma segunda graduação. Mas esse curso é muito chato! Além disso, a parte de Gestão não me encanta em nada, assim como a Coordenação Pedagógica. Meu negócio é estar onde as pessoas estão e não numa sala isolada, lendo relatório.

Decidi que faria algo que não estivesse ligado a Educação. Essa segunda faculdade seria por puro prazer. A princípio pensei em cursar Turismo ou Fotografia. Turismo por que adoro viajar, criar roteiros, procurar lugares interessantes, colocar meia dúzia de coisas dentro de uma mochila e ir... Mas quando tentei me ver como guia turística, foi um desastre, ficava pensando nos guias made in CVC, com aquele uniforme amarelo gema e piadinhas prontas. Não conseguia me sentir guia.

Fotografia é um hobbie que cultivo há alguns anos, gosto muito da parte de edição de imagem, criação de álbuns e até sei uma coisinha ou outra. Visualizei-me fotógrafa, a primeira imagem que me veio à cabeça foi festa de aniversário de criança. Não preciso dizer que desanimei, afinal por que transformar em tortura algo que me dá prazer?

Direito, Web designer, engenharia mecatrônica... Uma a uma fui descartando curso atrás de curso. Eu procurava algo que estivesse escrito meu nome em letras garrafais neon rosa.
Foi quando me deparei com Jornalismo e comecei a pensar na ideia, a pesquisar sobre o assunto, as possibilidades eram infinitas, um leque de opções ali, ao meu dispor. Foi então que comecei a me ver Jornalista, e parecia que sempre tinha sido assim. Gosto de escrever e apesar de não ter experiência com texto jornalístico escrevo razoavelmente bem; gosto de ler, adoro pesquisar, descobrir coisas, tento sempre me interar sobre qualquer assunto que me interessa antes de falar sobre ele, além disso, sou uma ótima ouvinte, não sei exatamente por que, mas as pessoas se abrem comigo.

Não sei ainda se é isso mesmo, não tenho certeza de muitas coisas na verdade, mas pensar em tudo que posso fazer me empolga, algo que estava faltando no meu dia a dia. Espero tudo desta profissão, o que é bom e o que é ruim, afinal nem tudo são flores, e é exatamente isso que faz a diferença no final.

Não quero mudar o mundo ou as pessoas, seria pretensão demais, além disso, ninguém tem esse poder, as mudanças são opções individuais, se escolhe mudar uma postura ou não. O que posso fazer é oferecer ferramentas para que essa mudança aconteça. É isso que espero fazer enquanto jornalista.

Carta para meus pais - Parte I

Fico tentando imaginar como foi o começo de tudo, como é que funciona duas pessoas um dia se olharem, se apaixonarem e decidirem que será para a vida toda...
Gosto de pensar que foi amor a primeira vista, em meio as brincadeiras de criança e, talvez, sem se dar conta do que era na verdade; minha mãe fala que não: “ Eu nem gostava dele, metido, exibido!!!” Duvido!!! Ela toda brava, “eita bichinha ruim” como diz meu pai, quando lembra esses tempos; dando ordem para todo mundo, colocando a bagunça no lugar. Ele todo faceiro, metido a galã de novela, com cabelão e direito a costeletas, última moda! Opostos, totalmente, mas se a regra de que os opostos se atraem é verdade, aqui se faz a prova... A principio amor de adolescente, mas que foi se chegando, se firmando e foi ficando, ficando... Quem diria que daria nisso?!?!?!?
As vezes brincamos com meu pai, até hoje uma das melhores pessoas que conheci: “Como você agüenta essa velhinha??? TRINTA anos já!!!!!” E é só risada. Ele nunca respondeu, minha mãe também não, uma mulher forte, que não teme desafios, ao mesmo tempo frágil e protetora, mas não precisa, a gente já sabe, nós três, eu e meus irmãos, vemos e sentimos essa resposta todos os dias: AMOR. E no fim eles nem eram tão opostos assim.

Carta para meus pais - Parte II

A trinta e poucos anos nossos pais juraram se amar e respeitar numa pequena igreja na cidade de Bom Sucesso; e desde que eu me conheço por gente eu os vejo praticarem, não sem dificuldade (quem disse que amar é fácil?!?!?) esse juramento. E vejo o quanto um completa o outro: onde um é de mais o outro equilibra, onde o outro é de menos o outro compensa, mas sempre, todos os dias, com muito amor, respeito, dedicação, companheirismo. Seja no beijo de chegada que meu pai dá todos os dias em minha mãe quando volta do trabalho ou passando em nossos quartos prá ver se estamos cobertos, como se quisesse ter a certeza de que ainda estamos ali, seja minha mãe levando a toalha para o meu pai no banheiro quando ele a esquece ou mandando de avião pãezinhos húngaros pras filhas “lumbriguentas” tomarem café da manhã em Indaiatuba. Como me orgulha ver que depois de quase trinta e dois anos de convivência eles ainda dão beijinho, andam de mãos dadas e brigam, para em seguida já estarem conversando como se nada tivesse acontecido. Ver os dois abraçados no sofá na hora da novela, nossa, não tem programa melhor!!!

Carta para meus pais - Parte III

Mãezinha e papito, com vocês dois nós já vivemos muita coisa, algumas maravilhosas, outras nem tanto, mas que valeram pela aprendizagem; e quando todos os outros achavam que não suportaríamos, lá estávamos nós: juntos. E vocês sabem melhor do que nós que a distância não nos afastou de fato, ao contrário, nunca nos sentimos mais unidos e mais próximos, pois hoje, mais do que nunca sabemos valorizar os momentos que estamos juntos. As vezes a vontade de voltar correndo para o ninho, para debaixo de suas asas é imensa, mas ai nos lembramos que vocês nos criaram para sermos fortes, para enfrentarmos o mundo de cabeça erguida, nos criaram para acreditar que somos capazes de qualquer coisa e nós acreditamos! Sabemos que vocês estão na arquibancada da vida nos aplaudindo de pé em cada mínima vitória, assim como nos fazem levantar quando o mundo todo parece contra nós. Queremos que saibam que tudo que fazemos é para mostrar a vocês que somos capazes, que vocês fizeram um bom trabalho, que seus filhos são maravilhosos e nos perdoe quando nossas escolhas não parecerem aos seus olhos a mais acertada, estamos tentando e precisamos levar nossas próprias cabeçadas para crescer, afinal foram vocês que nos ensinaram a não ter medo de tentar e de que sonhos são possíveis, mesmo que para isso sejamos um pouco diferentes da maioria, e mesmo assim sabemos em quem nos amparar se for preciso.
Enfim... Tudo isso é para dizer que amamos vocês e nos orgulhamos muito de ter pais tão maravilhosos, saibam que é um bálsamo, em meio a esse mundo complicado que vivemos, ter vocês como modelo e exemplo a ser seguido. Aprendemos com seus acertos e também com os erros, por que não? Só queremos que todo mundo aqui saiba que vocês são os melhores pais do mundo e nós os amamos infinitamente!!!!

Gisele Gutierrez

segunda-feira, 3 de maio de 2010

ALFACES E MULALAS

1808 é um marco na história do Brasil. Todo mundo está cansado de saber disso. Afinal, a pouco se comemorou seu centenário, virou best-seller e instituições honraram tediosas cerimônias em seu nome.
Mas assistindo a um programa de domingo, o que é raro (não tenho o hábito de assistir TV, ela carece de vida inteligente, especialmente aos domingos) conheci um pouco mais sobre o dia a dia na Ilha de Moçambique, na África, e fiquei assustada. Por conta disso relembrei o ano de 1808.
Se nesse ano a Família Real Portuguesa não tivesse enfiado o rabinho entre as pernas e fugido dos franceses, transferindo a sede do reino para sua próspera (em que sentido?) colônia na América, creio que teríamos dois possíveis futuros. Um pior que o outro...
No primeiro, estaríamos falando inglês e comendo ovos com bacon no café da manhã (argh!). Afinal, Portugal estava tão endividada com a Inglaterra que é quase certo que, para saldar suas altas dívidas, usaria sua mais abastada colônia como forma de pagamento. Sendo assim a Independência talvez viesse mais cedo, assim como a abolição dos escravos e hoje seríamos uma próspera potência de Primeiro Mundo, viciados em café instantâneo, filmes de ação e de tragédias ambientais (lembrando que todas essas tragédias ocorreriam aqui), o centro do Universo. Por outro lado, seríamos alvo de facções enfurecidas, pois inocentemente, tentamos meter o bedelho onde não tínhamos sido chamados... Por que será que não me sinto empolgada, heim?!?!
O segundo possível futuro é mais sombrio, até mais do que o atual... Quando não fossemos mais fonte de lucro para Portugal (algo que já vinha acontecendo, uma vez que as minas em Minas Gerais já não rendiam o esperado), ficaríamos a margem do Velho Mundo por um tempo, totalmente esquecido. Logo a colônia passaria a ser invadida e atacada por franceses, espanhóis, holandeses, ingleses (tal como aconteceu na Ilha de Moçambique, que até incendiado foi por uma potência européia enfurecida)... Todos querendo uma porção do que ainda poderia ser subtraído dessas terras. Logo eles se instalariam e retalhariam o pouco que ainda sobrava, em pequenos pedaços. Os nativos se refugiariam ainda mais para o interior, organizados em tribos e falando mil dialetos. Não haveria unidade política, os líderes locais seriam caçados como bichos. Falar em economia então, nem pensar. O dinheiro valeria menos do que vale o nosso querido real. Altos índices de analfabetismo, milhares de doentes, países inteiros sem saneamento básico, o esgoto a céu aberto espalhando doenças. Crianças raquíticas e subnutridas. Nunca saberemos do que escapamos, se é que escapamos ilesos (com certeza não).
De qualquer forma, hoje seríamos em tanto parecidos com os habitantes da Ilha de Moçambique. Estaríamos amontoados ao redor de um saco de estopa, esperando um arremedo de vendedor o abrir, para então disputar a tapas um minúsculo pé de alface, que levaria boa parte do nosso dinheiro. Ou ainda, usaríamos gravetos como escova de dente e batom (a mulala). Seria ecologicamente correto, mas já imaginou???
A grande pergunta é: o quão longe realmente estamos de tudo isso?

quinta-feira, 29 de abril de 2010

terça-feira, 27 de abril de 2010

SOBRE OS NÚMEROS

Uma aula qualquer, numa escola que pouco interessa.
A nova professora dispõe quatro objetos em cima de sua mesa. Após arrumá-los, um ao lado do outro, a professora pergunta para a sala:
- O que vocês estão vendo?
- Livro – respondem prontamente os dedicados alunos.
- O que mais? – indaga
- Caneta, caderno e um apagador.
- Quantos?
- Quatro, professora. – responderam os alunos, fitando com curiosidade a jovem professora.
- Então temos aqui quatro objetos. Correto? – continuou ela
- Siiiimmmmm... – em coro responderam os alunos, já perdendo o interesse por tão boba discussão.
Eis então que a professora lança uma verdadeira bomba aos seus alunos:
- Queridos, o quatro não existe!
Por um minuto, só o que se ouvia era o vento que batia insistente nas janelas da sala e um burburinho do lado de fora, de alunos que talvez não tinham que se preocupar se os números existiam ou não.
Primeiro o silêncio. Depois cochichos. De repente ouve-se a explosão alta do riso dos alunos que julgam louca a tal professora:
- Como não existe, professora. Olha ai na sua frente: quatro!!!
- Não. – afirmou calmamente a professora – Estes são objetos: livro, caderno, caneta e apagador. Mas não vejo nenhum quatro.
Incrédulos os alunos fitaram a professora. Alguns pensavam se deviam chamar a coordenadora para alertá-la de que a nova professora, definitivamente, não batia muito bem da cabeça. A professora, sem se abater, continou.
- O quatro é a total abstração. Ele não existe na natureza, não existe em lugar algum.
Alguns tentavam entender a lógica apresentada pela professora. Mas um dos alunos, totalmente impaciente, questionou a professora:
- Tu tá dizendo que o quatro não existe é??
- Sim. Ele não existe. Nós o representamos, como por exemplo, com estes objetos.
- Oh professora, tu não me leva a mal não, mas acho que a senhora viajou legal agora!
Foi então que ela lhe lançou um desafio:
- Aceito o seu argumento, mas você terá que sair da sala e só voltar quanto tiver encontrado o quatro por ai.
Arrogante, o aluno aceitou o desafio, saiu batendo a porta atrás de si e em poucos minutos estava de volta. Trazia com ele, um tanto desajeitado, quatro cadeiras amarelas que encontrou na sala ao lado.
- Taí professora. Quatro! – bradou orgulhoso, exibindo para a classe o seu feito heróico.
- Isso não é o quatro. – retrucou calmamente a professora – São apenas cadeiras. Você trouxe quatro cadeiras, mas ainda não vejo nenhum quatro.
O aluno enfurecido parecia querer avançar no pescoço da professora. Nesse momento, no fundo da sala, ergueu-se uma mãozinha tímida, pedindo a atenção de todos.
- Eu entendi, professora!
Todos os olhares se voltaram para aquela figura, que até então tinha se mantido a margem de toda a polêmica. A professora encorajou-a.
- Nós abstraímos os quatro. Não o encontramos por ai por que ele simplesmente não existe!
Lágrimas vieram aos olhos da professora, ela estava genuinamente emocionada.
- Continue, menina, continue!
- Quando pegamos quatro objetos, estamos representando esse quatro, pois ele não pode ser visto a não ser quando representado. Pode ser quatro árvores, quatro cadeiras. O quatro mesmo não está ali, apenas os objetos.
- Bravo!!! – não se agüentou a professora, aplaudindo a grandiosidade da aluna com evidente orgulho. Foi então, que a aluna encerrou sua fala, com chave de ouro.
- Mas se procurarmos bem, vamos encontrar o um, o dois, o três, o cinco, o seis, o sete... e com certeza, encontraremos o dez!!! – foi então ovacionada pelos seus colegas
Neste momento a professora respirou fundo e buscou dentro de si o motivo que a levou a abraçar tão fervorosamente a Educação. Até agora ela não encontrou.
Gisele Gutierrez

segunda-feira, 19 de abril de 2010

QUERO...


Quero a recordação de cada minuto.
Quero perder fôlego
Já não me interessa o quanto já respirei.
Quero o prazer de acordar
E me esticar ainda na cama.
Quero beijar quando me der vontade
Amar se for de verdade.
Quero intensidade,
Intranqüilidade.
Quero desejo ardente
Por incontáveis dias.
Me ver em você,
Mesmo que não se veja em mim.
Gisele Gutierrez

domingo, 11 de abril de 2010

Ler devia ser proibido

"Por que ler nos torna perigosamente mais humanos"

Enfim... o primeiro

Pensei muito antes de criar este blog. Afinal, o objetivo é expor algo muito íntimo: meus textos. E nem sempre é tão fácil se expor dessa forma... Porém, mesmo engatinhando ainda, resolvi apostar.

Afinal, estou transformando o que era um hobbie em uma nova profissão, como jornalista, e nada mais natural do que aprender a me desapegar e compartilhar. É isso que farei por aqui: compartilhar. Não apenas os meus textos, mas tudo aquilo que me chama a atenção, que me inspira, entristece... Enfim, colecionar o que irei aprender durante os próximos quatro anos e compartilhar essa experiência com outros apaixonados como eu.

Bem vindos
Gisele Gutierrez